Elas parecem ter sido pintadas à mão, mas são obra de milhões de anos de ação geológica.
Multicoloridas, as montanhas do Parque Geológico Zhangye Danxia chamam a atenção dos turistas cada vez mais numerosos que vão até a província de Gansu, no norte da China.
Esse tipo de geomorfologia única, encontrada apenas na China, consiste em formações de arenito e outros depósitos minerais que foram se acumulando por mais de 24 milhões de anos.
O movimento da crosta terrestre, junto com fatores externos, como vento e chuva, foram criando camadas de diferentes cores, texturas, tamanhos e padrões.
Não muito conhecida, a cidade de Zhangye está chamando a atenção dos turistas que querem ver de perto essa paisagem curiosa.
Passarelas e estradas estão sendo construídas ao longo das montanhas para encorajar os visitantes a explorarem a área.
Turista em passarela de observação do parque
Faz um calor do cão. O vento que entra por um buraco de cerca de cinco centímetros de diâmetro, embutido na janela do teco-teco, tenta suavizá-lo. Sem chance.
De Caracas, o bimotor carrega seis passageiros. A barulheira é danada que só. Logo, todos se acomodam com o ruído e com a paisagem monocolor, tingida de um azul pálido, quase acinzentado, que margeia a costa.
Às vezes, dá um friozinho na barriga ao desviar os olhos lá para baixo. Agora, tontura mesmo é não saber para onde mirar quando o avião começa a planar sobre as ilhas.
Los Roques
Todo o azul do mar vai ganhando uma variação de tons impressionantes. Azul-bebê, azul-celeste, azul-turquesa, azul-marinho, azul-calcinha. Tons, enfim, de Caribe.
O que os olhos paqueram lá de cima, você vai constatar em terra e água.
É Caribe, é Venezuela, mas longe de panelaços e protestos e sem a ostentação desmesurada dos resorts e de suas praias privativas. Nem sinal de americanos rechonchudos, empanturrando-se sem parar no sistema "all inclusive". Cassino? Oi?
MAIS LOS ROQUES |
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Pequena cidade de areia é ponto de partida em Los Roques
Alívio! O teco-teco pousa com sucesso naquele pedaço de terra firme cercado de água. E olha que nem teve tantos solavancos como os passageiros especulavam.
O copiloto abre as portas da aeronave. Um funcionário do "aeroporto" retira e passa as bagagens para o carregador da pousada.
Ele confirma seu nome e sua reserva. Estampa um sorrisão no rosto e emenda: "Bienvenido a Los Roques".
Espécie de capital do arquipélago, Gran Roque é a porta de entrada dos visitantes que chegam pelo ar.
Lá está o aeroporto -na verdade, o que existe é uma pista, sem estrutura para embarques e desembarques como check-in das companhias.
Los Roques
É só desencanar e seguir o carregador, à frente, empurrando o carrinho. Enquanto ele pega a ruazinha à direita, você terá que passar pelo posto de controle e pagar uma taxa de visita que custa, para estrangeiros, 214 bolívares fortes (cerca de R$ 69).
Com cerca de 2.000 moradores, as poucas ruas de Gran Roque são todas de areia. O nome da ilha é uma referência à "grande rocha" -a vilinha está espalhada aos pés desse monte rochoso.
As casas e pousadas são simples (cerca de 60, sendo que só quatro delas têm água quente, TV de LCD com canais pagos e um variado menu gastronômico com direito a uma enxuta, mas honesta, carta de vinhos). Pena que o wi-fi nem sempre funciona.
Editoria de Arte/Folhapress |
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Água doce, vale lembrar, é um bem preciosíssimo. O sistema de abastecimento utiliza um processo de dessalinização da água do mar.
Caminhão, um dos raros veículos motorizados que circulam por Gran Roque, abastece as pousadas e recolhe o lixo (nem sempre bem cuidado por moradores e turistas).
Em períodos de alta temporada, pode haver racionamento de água e falta de energia. Pouquíssimas pousadas contam com gerador.
Pousadas, restaurantes, agências de mergulho, mercadinhos e casas dos moradores ocupam as quatro ruas principais.
AO SOM DO MERENGUE O cais é o ponto de encontro com os barqueiros que levam os turistas para as ilhas do arquipélago. Também é ali que os visitantes e nativos se juntam quando regressam a Gran Roque para assistir ao pôr do sol, que proporciona um espetáculo diferente a cada fim de tarde.
Outra dica para sacar fotos bacanas é encarar a trilha que leva às ruínas do farol. Antes de encará-la, porém, fica a dica: passe na pousada e troque seus chinelos por tênis.
À noite, pequenos bares oferecem cadeiras e pufes na areia para tomar uma cerveja e jogar conversa fora, ao som de ritmos caribenhos, como salsa e merengue ou "lounge music".
Tradicional ponto de encontro é a pracinha chamada, é claro, de Simón Bolívar, com lojinhas que vendem artesanato e suvenires. A oferta, diga-se, é bem escassa.
A moçada paquera, indiferente aos turistas. Numa rua em direção ao farol, mulheres se reúnem para jogar. E a noite se despede.
Esqueça a "ferveção" noturna. Afinal, você vai precisar pular bem cedo da cama no dia seguinte para descortinar algum ponto na imensidão azul do Caribe.
A dica é evitar a alta temporada, que vai de dezembro (quando chove) até a Semana Santa. De agosto a setembro, as ilhas são tomadas por venezuelanos e italianos, os "descobridores" do arquipélago durante os anos 1990. E, melhor, a região não consta do mapa dos furacões.
Cidade de areia è ponto de partida em Los Roques |
No aeroporto, câmbio mais barato pode ser perigoso
Você mal cruzou a porta de saída do Aeroporto Internacional Simón Bolívar, perto de Caracas, e começam a aparecer venezuelanos por toda parte para te oferecer a troca de dólares por bolívares fortes. A oferta começa nos carregadores de malas.
É difícil desviar-se de tamanho assédio, que acontece aos olhos das autoridades policiais. Você agradece. Logo observa que no canto esquerdo há uma loja de câmbio.
Naquele horário, com a chegada de outros dois voos internacionais, o movimento é intenso no aeroporto, chamado simplesmente de Maiquetía -nome da cidade que fica a cerca de 20 km da capital venezuelana.
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Em Cayo de Agua, faixa de areia cria praias pararela |
Los Roques é assim. Um Caribe (ainda) "cru", "roots". O arquipélago venezuelano é formado por cerca de 50 ilhas, ilhotas e bancos de areia cercados por muitos corais.
Suas praias ainda são preservadas, muitas delas intocadas, outras inacessíveis, por se tratar de um parque nacional, criado em 1972 com a missão de preservar aque-le patrimônio.
De fato, o mar caribenho surpreende. Você chega à praia, pisa numa areia fina branquinha e dá de cara com aquela água cristalina de temperatura agradável -vá lá, nem tão morninha assim quanto a do Nordeste.
Se é incolor na beirada, conforme se entra nela, vai exibindo um festival de cores. Sem contar que o lugar é acariciado por uma brisa que parece mascarar o efeito do sol -só parece; protetor solar até debaixo do guarda-sol.
Em Cayo de Agua, faixa de areia cria praias paralelas
São quase 9h da manhã. Lá fora, o sol está a pino já faz tempo. É hora de os turistas deixarem as pousadas rumo a alguma ilha de Los Roques.
Em mãos, itens básicos como protetor solar, máscara de mergulho e toalha. No cais, uma espécie de coordenador das embarcações, auxiliado por um funcionário da pousada, direciona os visitantes para cada lancha, dependendo do destino acertado previamente na noite anterior.
Pode parecer confuso, mas, acredite, não há risco de entrar em "barca furada". As voadeiras são um meio de locomoção coletiva em Los Roques. Estão por toda parte.
No final do traslado, quando estiver se aproximando da "sua" ilha, indique ao barqueiro o ponto que deseja ficar. Ele então desce da lancha, vai até a praia, arma o guarda-sol, estende a cadeirinha e deixa um "cooler" com o seu almoço (um sanduíche reforçado ou uma pasta) e bebidas (a maioria das pousadas inclui o serviço no pacote, fora, é claro, as bebidas alcoólicas), além de frutas.
Los Roques
Antes de se despedir, o barqueiro marca o horário em que voltará para te buscar no fim de tarde -e desmontar o "circo", recolhendo a tralha.
Essa é a rotina em Los Roques. Tomar sol, nadar, mergulhar, cochilar. Curtir brisa e muita preguiça.
Algumas ilhas, como Madrizquí e Francisquí, ficam a dez, 15 minutos de voadeira. São ideais para assistir ao tempo passar, praticar snorkeling (são repletas de corais) ou ainda kitesurfe.
Graças à proximidade, as piscinas naturais de Francisquí del Medio e de Abajo, por exemplo, costumam ficar apinhadas de veleiros e iates.
Os donos dessas embarcações são chamados maldosamente pelos nativos do arquipélago de "a nova elite socialista de Hugo Chávez".
Mas, por estarem próximas da "capital", essas ilhas vivem "congestionadas".
Uma curiosidade: o sufixo do nome da maior parte das ilhas é derivado do inglês "cay" -boa parte delas foi batizada por exploradores britânicos. "Convertidas" para o espanhol, passaram de "cay" para "quí".
AZUL PARALELO
Agora, prepare-se para um exercício incômodo: 90 minutos de bunda batendo sem parar no banco da lancha, quando essa segue em direção extrema a Gran Roque.
A água espirra por toda parte, enquanto a embarcação corta ondas de mais de um metrô de altura. Venta muito. Nesses momentos mais radicais, estômagos sensíveis ensaiam um enjoo.
Geralmente, o passeio até lá não está incluído nos pacotes. Mas o preço é baixo pela recompensa -cerca de R$ 64.Chegar a Cayo de Agua, uma das ilhas mais lindas de Los Roques, não é tarefa das mais fáceis. Conforme a voadeira se aproxima, os turistas assistem, de boca aberta, à mescla de tons de verde com azul, revelando uma variada cartela de cores.
Na imensidão azul, uma retalho de areia no meio do mar cria duas praias paralelas. Dependendo do horário da maré, dá para se banhar com a água vindo dos dois lados.
Pena que a alegria dura pouco. O prazo de permanência em Cayo de Agua é restrito e injusto: três horas, incluído aí o tempo para o almoço.
Geralmente, as lanchas fazem um combinado e dão uma parada (na ida ou na volta) na ilha de Dos Mosquises, onde existe um centro de recuperação de fauna marinha e são criadas tartarugas.
As tartaruguinhas ali que me perdoem, mas a parada para avistar os bichinhos em tanques, nessa versão diminuta do nosso projeto Tamar, é dispensável. Preferível seria ficar um bocadinho mais estendido nas areias de Cayo de Agua.